sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A droga e o futebol

" *Drogas são substâncias utilizadas para produzir alterações, mudanças, nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional. As alterações causadas por essas substâncias variam de acordo com as características da pessoa que as usa, qual droga é utilizada e em que quantidade, o efeito que se espera da droga e as circunstâncias em que é consumida. " Diz a lenda que essa substância, o futebol, foi trazida ao Brasil em 1894 por Charles Miller e se alastrou virulenta desde seus primórdios. Estudos numa tentativa de justificar alguma simpatia e amor ao esporte apontam que a violência está fora dele, embora se manifeste através dele. É dito que dentro dos estádios pode-se vivenciar emoções e situações de igualdade que não se encontra em nenhum outro lugar por essa sociedade ser repressora e discriminatória. Futebol é uma indústria que aliada à mídia promove um tipo de consumo. O consumo do ser humano, a matéria - prima humana. Como em outras modalidades relações econômicas definem os jogos, o campeonato. Empresas vêem oportunidade de negócios. Máfias também. A supervalorização dos atletas profissionais, que quando são vendidos são chamados de " passe" , é discrepante muitas vezes com a origem humilde de muitos deles. Isso infla o coração da garotada de sonhos. Ser profissional é igual ao sucesso: dinheiro, fama, luxos. Quem não quer?

O público pagante é que garante. Consumindo tudo o que leva o emblema do time o povo "futebolado" vai esquecendo as crises tendo no esporte a anestesia para a realidade que constrói e acusa de dura. Como viciados eles se matam e promovem a criminalidade. 90 minutos de alterações sensoriais, de emoções que só cevado desde a tenra idade para se sentir. Observando os efeitos do futebol nas pessoas e na sociedade, ele só é comparável à drogas. Em todo seu efeito deletério o útilmo esporte a representar a humanidade é justamente o que a une em torno de 22 jogadores e uma bola. Futebol é mesmo uma droga.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

A dança sem a coreografia

Se é a música que eu gosto, danço! Não há forma melhor de demonstrar gosto ou sentimento do que se mover no sentido daquilo que se gosta ou se sente. Mais que demonstrar, deixar-se permeável pelo momento e expressar a si mesmo de uma forma autêntica e vivificante. A dança é poderosa. Fascinante enquanto forma de comunicação e expressão. Há um mito que a dança se contrói a partir da música. Mito que desmoronou quando vi surdos dançando ao toque de rajadas de vento, pressão de ar e de mãos sobre seus corpos. Talvez possa chamar de música o ritmo impresso pela cinestesia, pelo toque levante e acolhedor de um corpo amigo. Isso criou em mim um interesse pelo lado secreto da dança, o lado de dentro do dançarino. O que ele sente? O que a música leva para ele? Ele se expressa? Ou alguma ideologia se expressa através dele? Penso nos vários estilos e formas de danças. Desde um ballet contemporâneo até as danças circulares tiram de mim brilhos de admiração. Como o ser humano pode ser tão versátil? E como essa versatilidade convive com tanta limitação, pobreza e exclusão? Cada dança tem seu propósito. Certa vez estive envolvido com coreografias de dança do ventre e me deparei com diversas subdivisões e modalidades dentro dessa que parecia vista de longe ser uma modalidade de dança a mais. Ledo engano. Fascinado em pesquisar movimentos de luta e dança notei algo ligado nelas , um grude ancestral: a coreografia. Quando se dança a dança sempre é coreografada. Ou seja, seus movimentos são encadeados harmoniosamente dentro de um contexto. Então lanço uma reflexão a partir da coreografia: como a dança pode ser expressão de liberdade presa a coreografias montadas por alguém com um propósito específico? Nas festas, comemorações sempre tem alguém puxando uma coreografia copiada por todos, que se satisfazem plenamente se copiarem direitinho. Nas lutas a coreografia recebe o nome de forma e tem o sentido de fôrma. Quanto mais repetida a forma, mais rica em detalhes será a prática da luta, posto que, nas formas estão codificados ensinamentos em forma de movimento. Ou seja a coreografia nas lutas segue uma tradição , preserva sua acenstralidade como forma de resguardar conhecimentos. Daí as ditas formas tradicionais serem tão importantes para o correto aprendizado das artes marciais. Na dança também há tradições que remontam rituais de várias culturas, crenças e celebrações de toda ordem sendo uma linguagem passada de geração à geração pelo gestual através de músicas e movimentos significativos para cada época e cada sociedade. Temos hoje um repertório riquíssimo de conhecimentos a partir da dança. Uma herança cultural que não pode ser diminuída pela repetição, pela ação sem reflexão. O repetir , a padronização dos movimentos, a massificação do gestual sem se saber o porquê e o para quê fazem com que a dança seja vista como atividade física, expressão da sensualidade e extravasamento emocional. Tudo setorizado por um tipo de música conveniente à mensagem coreográfica. Esse apego às coreografias, tão limitantes da criatividade atualmente, mostra o baile nas nossas cabeças com nossos pensamentos devidamente coreografados. Isto posto, experimento uma dança livre, com seus movimentos ancestrais, porém com propósitos nobres de elevação do ser humano. Nada de coreografia. Coreografar é simplificar. É possível malhar o corpo pela dança. Arejar pela dança. Há um aspecto da coreografia que deve ser exaltado: é uma referência para a liberdade e criatividade. Pode ser um livro feito de movimentos a ser consultado como dicionário, donde se tira além das formas o significado para a criação. O velho caminho precisa ser conhecido antes que se percorra os novos, afinal. Mas mesmo os modelos precisam ser descartados, encarados como meios e não fins em si mesmos.
O corpo precisa de umas complexidades, umas questões a serem resolvidas com movimentos. O corpo precisa ser criativo! Chega de padrão, repetição, imitação! Dança sim, coreografia...não. Dançar é um prazer. Que prazer se faz sem liberdade?

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

O professor, o ser humano

Temos uma idéia de que quem professa sabe. Daí associarmos o professor ao reservatório de conhecimento, a fonte da qual bebemos é comum. Porém descaracterizamos nesse ponto de vista a dimensão humana do professor. Suas falhas, seus medos, suas inseguranças tudo fica nos bastidores, a cena é o ensino. E o pior é que justamente sua formação humana, seu caráter, sua disciplina é que irão junto à sua formação acadêmica influenciar sua pedagogia. Temos então um professor que pode ser " legal", " descolado", e incompetente. Ou um professor competente, "chato" , " sem carisma". O equilíbrio é distante. Poucos conseguem nesse mundo que foge aos detalhes inspirar nos alunos a vontade de ser professor. Com relações descompromissadas eles passam anos lecionando o que não aplicam em suas próprias vidas. Não sabem o valor que têm. Talvez seja essa a maior causa da desvalorização do professor: ele mesmo não se valoriza. Ele não cultiva nem dissemina, não vivencia seus valores.
Ele não investe no seu desenvolvimento humano. Alguns embora ganhem, chegam a pensar que ensinam por caridade...coitada dessa gente sem cultura. Realmente a indignação é uma motivação para muitos. Ambígua como tudo na vida, também desmotiva. Há professores que semeiam e espalham essa desmotivação. Atolados como todo ser humano em seus problemas pessoais eles não sabem diferenciar nem vincular o profissional do não-profissional. Se a evasão escolar é triste, é triste também o absenteísmo dos profissionais da escola. Pior é o motivo para tal: "saco cheio". Eles se esquecem que estão na profissão por opção deles. Levam suas classes literalmente nas coxas. Apenas passam a matéria. Deveriam ir além e passar também o espírito.
Mas são humanos. Humanos erram. Humanos perdoam. Humanos aprendem. É lamentável ter ouvido de uma professora que não estava afim de dar aulas, e que se a turma fosse embora ninguém levaria falta. A professora é humana e humanos se cansam...até as máquinas se desgatastam.
A turma comemorou num bar próximo da faculdade, outros foram embora com incentivo altamente educador dessa aula faltosa em que havia professor e alunos. É, faltou a aula. Ela é que não veio... o povo estava lá. De tudo fica a lição: é professor mas é humano.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Corpolatria

O que é corpolatria?

Todos já temos uma idéia do que seja o culto ao corpo. Corpolatria. Esse neologismo surgiu com Wilson Senne e Wanderley Codo autores de um livro em que abordam o tema de que passa da cultura para culto ao corpo(O que é Corpolatria?). O culto ao corpo numa comparação com o sistema religioso.
Tudo o que o corpo gera pode escravizá-lo. O imediatismo, o salvacionismo e a perdição de nossas vidas está representada na nossa relação com o próprio corpo. O corpo exige milagres, sacrifícios, templos, e cultos. É o deus corpo. É um deus que castiga. Que pune com a doença, com a forma, com a insatisfação. O corpo domina a mente. É mais elevado e tem pelas modernas técnicas tentado se manter jovem e saudável a ponto de brigar com o tempo. Se utilizarmos como parâmetro o dualismo psicofísico poderíamos constatar que no mundo contemporâneo a mente está mesmo submissa ao corpo. Todas as formas de consumo e produção visam confortos, necessidades e carências do corpo. A mente fica apenas como sensação e percepção no usufruto das escolhas e apetites corporais. Presente, age apenas confirmando os pedidos do corpo como uma mãe mimando o filho sem saber onde os mimos terminarão. A mente ama o corpo. Devota-se a ele. Vicia-se nele. Fecha-se nele numa solidão. Outros corpos são no máximo para satisfazê-lo. A mente é escrava do corpo. Trabalha para ele. O conceito “Corpolatria” é uma análise da alienação a partir do corpo. Se na Educação Física nos propomos a ajudar a partir do corpo, tomamos consciência de que um trabalho mal feito pode sim terminar como uma doença a partir do corpo. A mente é descartada. Aparece apenas nos tratamentos psiquiátricos, psicológicos e na medicina alternativa. Lembrando Juvenal : corpo são em mente sã. Hoje seria mente insana em corpo doente. Hoje seria o homem doente em corpo e mente. E se aqui faço uso do dual para apontar as dimensões do homem, reforço minha concepção de que mente e corpo não se separam e não se opõem. São totalidade. O corpo é objeto da ciência e da religião. A ciência que estranhamente não encontrou uma solução para a fome mundial, a religião que faz o homem ter o prazer corporal como pecado e transgressão não são ao meu ver boas referências para se conhecer o corpo. A intuição, a vivência corporal sadia, a própria individualidade, essas sim podem ser bons observatórios. Por que a razão pode dizer que você tem um corpo. Mas sentido um perfume trazido pela brisa, vendo a claridade do dia no sol e dançar com alguém por quem se é apaixonado...tudo isso diz enfaticamente : você é esse corpo. E muito além desse corpo. É uma única identidade. Não é uma coisa. Suas relações são impregnadas de e por valores. Como estudante da Educação Física noto que o corpo precisa ser reumanizado , o corpo precisa ser deixado dessas concepções que o dividem e o distanciam de si próprio. Não é um deus nem coisa, o corpo é humano.
Pouco se tem encontrado a concepção do ser integral. O ser que não é dual. Mas alguém me diga onde é o órgão da mente e onde é a mente de cada órgão. Não há duas coisas separadas ou unidas. O ser humano é único. Embora se manifeste em diversas dimensões é o mesmo ser.
Hoje as pessoas entregam seus corpos sem reflexão. É o corpo sem dono, o corpo que se torna o dono do ser. É o corpo armadilha, é o corpo-problema. E nisso surgem soluções: você não resolve, mas isso resolve: próteses, lipo-esculturas, plásticas, anabolizantes, anfetaminas, e tantos outros comportamentos compulsivos em busca do corpo ideal. Tudo comprado pela imagem de corpo vendida. O corpo ideal é gerado e mantido pelas relações de produção e consumo através da mídia. A propaganda explora o corpo. O entretenimento explora o corpo. Toda relação tem explorado o corpo que se busca nesse ideal imposto. O corpo adoece: está obeso, anoréxico, bulímico, compulsivo por comida, por sexo, por jogo, por drogas, por movimento e consumo. Vigorexia, ortorexia...o corpo é um transtorno na vida gente. Estamos nos deseducando, desumanizando-nos através do corpo. Nossa felicidade tem se limitada pela atual concepção capitalista de corpo. O culto ao corpo traz uma mensagem de preconceito. Traz uma mensagem de não-aceitação. As pessoas se violentam com sentimentos de desprezo por si mesmas. O amor – próprio tem sido o amor à idéia do que o próprio corpo deveria ser. Apego ao ideal tem sido o amar o corpo. O corpo está confuso. Ele não sabe pelo quê está sendo amado. E que amor é esse? Também é fato que o corpo é um bem de consumo na vitrine social. Os corpos vendem, são vendidos.Tudo parece fomentar a Corpolatria. Será que o corpo é o nosso último deus? Um corpo que nasce em forma humana, e cresce, e vive e morre como humano. E o ser humano que nasce em forma de corpo, e cresce, e vive e morre como corpo. O corpo tem sido um esquecimento de si mesmo no além do corpo. É no corpo que se traduz e se expressa a busca pela identidade, pelo lugar, pela meta, pela felicidade...pela vida. Cuidemo-nos.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Ginástica Artística

Popularizada no Brasil com o nome de Ginástica Olímpica, sem dúvida é uma modalidade que vem crescendo muito graças ao desempenho de meninas e meninos de ouro e à beleza que é em si mesma. O domínio motor em situações não convencionais é o chamariz, é o que desperta nossa curiosidade e admiração. Adoramos tudo o que desafia a gravidade. Há um quê de coragem e ousadia nas apresentações e competições que mexe muito conosco. A força, a flexibilidade , a agilidade, o equilíbrio são capacidades físicas que promovem um belo espetáculo e que nos leva à dimensões mais íntimas. Quem não deseja mais força? Quem não quer mais flexibilidade? E equilíbrio, quem não o quer? O corpo comunica os anseios da alma. Ele realiza em si muito das projeções que vão do imaginário ao pensamento mais comum. Nisso várias artes que têm no corpo o primeiro instrumento concordam: o pensamento e o sentimento se representam como corpo. Geralmente o descuidado com ele revela um descuidado com a mente. Oposto igual: cuidando-se da mente, acaba-se por cuidar do corpo. A ginástica artística é uma forma de arte com o corpo que tem em suas técnicas além da plasticidade o mérito de possuir um processo pedagógico maleável e de grande competência no trabalho com as habilidades motoras. Sua origem remonta a preparação militar. Foi sistematizada ao longo dos anos de modo a se bifurcar em práticas e aparelhos masculinos com ênfase na força e virilidade e em práticas e aparelhos femininos com ênfase em flexibilidade e graça. Pode ser ensinada como atividade física ou esporte. Como atividade ela adquire um caráter formativo, preparando, estimulando e educando os movimentos para competições ou não, como uma opção de lazer e recreação. Já no esporte possui um caráter de formação atlética com iniciação (escola de esporte), nível intermediário ( competições-regras adaptadas), e alto nível(regras oficiais).Ambas contribuem para o domínio motor, cognitivo e psico-afetivo-social. A ginástica artística embora seja um instrumento excelente ainda sofre alguns preconceitos por parte do público masculino e é desfigurada pelo mal preparo de seus profissionais. Isso fica claro frequentando-se as aulas práticas num curso de licenciatura em Educação Física. Os próprios professores da modalidade, ditos especialistas compartilham de algumas características que desagradam àqueles que querem aprender mais do que dar cambalhotas, desfigurando a modalidade. Citarei as mais chamativas:
1_ não cuidam da integridade física dos alunos.
2_ não enfatizam os preparatórios antes da prática.
3_ enfatizam que o aluno deve saber o processo pedagógico mesmo sem a vivência.
4_ dispersam ao assédio dos alunos.
5_ não falam sobre os mitos da modalidade.
6_ não falam sobre os primeiros socorros.
7_ não falam sobre os acidentes mais correntes.
8_ falam de seus próprios curriculuns.
9_ não possuem critérios de avaliação claros.
10_ desconhecem as teorias pertinentes, agregando apenas "a " por simpatia.
11_ não associam morfologicamente as áreas do corpo e os movimentos aprendidos.
12_ descrevem pouco as funções de cada movimento.
13_ confiam muito no material didático.
14_ não sabem demonstrar.
15_ ética duvidosa
16_ terrorismo pedagógico
Ainda é uma disciplina mal cuidada: suas vivências são amostragens. Os instrumentos e o espaço apesar do discurso não ficam disponíveis aos alunos. É uma atividade com certo grau de complexidade e periculosidade. Não há supervisores ou auxiliares na ausência do professor. Não há incentivo à prática. As aulas propagandeiam a especialização.
Ou seja , ginástica na faculdade paradoxalmente por falta de atividades anda..." fraquinha ".

terça-feira, 6 de novembro de 2007

A inteligência é corporal

O corpo sabe e é sabedoria além de sabedor. O corpo aprende, o corpo faz. Saber fazer é a inteligência corporal. Cada gesto é um texto, um livro, um professor amigo. Vida própria e consciência própria. Com suas memórias e sonhos, emoções e imaginação, compõe-se como criador de realidades a partir de seu funcionamento. O corpo tanto se educa quanto nos educa de uma educação feita de movimentos, pelos movimentos e para os movimentos. Essa é a sua mensagem: vida, beleza e inteligência.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A cultura é corporal

O aprendizado pelo afeto

Ser professor é mesmo um sonho romãtico, saborosamente romã-tico. Fica mais prazerosa a relação aprendizagem-ensino quando há afetividade. Fica mais fácil aprender com quem a gente gosta e que gosta do que faz. Olhamo-nos com admiração e respeito quando nos encontramos pelos caminhos dos objetivos em comum. Sábio verso freiriano: “ninguém ensina ninguém, todos aprendem em comum união”.O que nos une é o afeto. O olhar, o ouvir e o tocar... Como nós trocamos energias! O sentimento reforça a atenção e a memória. A secretaria da escola da vida é o coração! Saber é saber de coração, é saber decorado, no sentido de enfeitado pelo amor. E nessa decoração de coração pelo amor é que o conhecimento vai nos transformando. Não há aprendizado sem afeto. Idem ensino. Nossas relações são afetuosas por natureza. Nossos moveres são de afetos. Não nos neguemos, pois, afetividade. E nisso a vida fica muito mais do que uma sucessão de erros e acertos. Somos humanos e fazemos escolhas. Nós não aprendemos com o erro. Aprendemos com a correção do erro - Como me disse certa vez um professor. E disso a gente só se apercebe com afeto.

O estágio

Muita gente nessa vida não atua, estagia. O estágio é uma subordinação ao estado de aprendizagem profissionalizante. Muita gente nessa vida não aprende é condicionada.
Fui ver a prática na prática: fiz o meu primeiro estágio escolar na educação básica! Fui privilegiado com uma escola excelente e seus professores mui bem preparados e amigáveis. Fiz dois amigos! Generosos em seu magistério fortaleceram em mim o desejo de me educar e de ter como viés de minha prática pedagógica a auto-educação. Nós aprendemos a partir de nossa vontade e empenho e realidade. Depois trocamos essas vontades, empenhos e realidades. Isto é educação: mais troca do que transmissão. E se auto-educar é dar aos valores corpo. É ter em si o processo, o fluir. No estágio pode-se observar, experimentar, agregar e trocar. É a teoria na prática, as vezes nem sempre. É a prática as vezes, sem teoria. Não vamos dar terreno para a dicotomia. Na pedagogia pelo movimento, estagiar é ensaio mais que rascunho. Um treino mais que exposição. É a leitura do diário do professor e de suas intervenções pedagógicas como agentes sociais, sobretudo. Li suas relações com seus alunos, colegas de outras disciplinas, e coordenação. Enfim, do que a escola significava e de seu papel dentro e fora dela. Foi muito proveitoso. Muito trabalho, muita energia, muito movimento e inteligência.
Mas é difícil estudar e trabalhar e ainda estagiar. Por força dessas circunstâncias cheguei a ter uma rotina de meses onde dormir 5h por noite era um presentão. Aulas aos sábados, tardes agradáveis graças ao coleguismo e ao nosso superprofessor de Metodologia e Prática do Ensino...O senhor Wilson e seus pimentinhas da Educação Física. E quando não aulas, AACC, atividades acadêmicas científicas e culturais nos fins de semanas. Rola um estresse e um zumbizismo com essa rotina. As vezes penso que toda essa intensidade no curso atrapalha mais que ajuda em termos de aprender. Sem contar nos rendimentos em outros setores da vida, donde a gente se ausenta. Colegas de trabalho e outros relacionamentos sofrem. E como dizia o Budha , viver ou é sofrer ou é transcender. Transcendamos. Por que além do estresse da situação, há o nosso estresse e o dos outros por nossa causa, por conta do estágio. Podemos sofrer além desde a política da escola, ameaças em vários tons vindas de nossas chefias. Isso é bem presente no estágio: ninguém verá sua dificuldade. Eles querem que você desempenhe sua função ainda que não dêem recursos para tal.
O que valida o estágio é que você foi lá aproveitou, fez, esteve de corpo e alma. Mais que assinaturas e documentos comprobatórios, a experiência e o conhecimento são impagáveis.
Vi além dos livros e de meus professores o significado da Educação Física Escolar. Vi como a escola trata um meio de educação como mera atividade, brincadeira, jogo. Sem inclusive reconhecer o valor desses conteúdos. Trata-se ainda a “matéria” EFE como aula extracurricular, um momento para o aluno extravasar, para evitar o sedentarismo, ou descansar da carteira escolar. É incapaz de ver a intervenção de professor como interdisciplinaridade e transdiciplinaridade. Por outro lado, além do discurso é inspirador ver professores engajados. Professores preocupados com a educação, aquele professor que diz para o aluno: “você é a sua vida, pense bem no que está fazendo e no que quer”. O cidadão está ali na escola, na educação básica e precisa crescer sendo tratado com cidadania.

O lúdico

Ludicidade é o uso do lúdico, ou seja da brincadeira, do brinquedo do "jogo"conforme do latim "luddus". Será? Há atividades em que se observa a brincadeira e o brinquedo sem nenhuma ludicidade e com tarefismo exacerbado. O lúdico não pode ser imposto, ele é espontâneo, não é técnica senão um elemento mais interno de uma busca de auto-realização. É uma busca e um encontro do que dá prazer, num tempo livre feito pela escolha da pessoa. Ou seja para ser lúdica uma atividade nasce de tempo livre, prazer e liberdade de escolha. Cada um faz o seu universo lúdico, tudo pode ser um brinquedo e uma brincadeira,basta-se ter a atitude, a disposição para dar essa dimensão aos brinquedos, jogos e brincadeiras. Quem faz o lúdico é cada de um de nós. Podemos criar ambientes para expressão dessa ludicidade potente em nós, e nos pequenos. Veja-se os jogos simbólicos, que através do movimento e da imaginação para a expressividade é um faz-de-conta divertido com tarefas sugeridas. Os pequenos é que na vivência contextualizarão, darão o sentido da ludicidade na atividade .Haja visto a confusão sobre o que é lazer e o que não é, para se atropelar o conceito de ludicidade. Imagine-se numa sobrecarga de trabalho num excesso viciante. Ocorre que se entra num ritmo difícil de ser quebrado. A pessoa se pára, sente-se inútil, inepta, chegando a adoecer nas férias e finais de semana... é a síndrome do lazer. Confunde-se o ócio o não querer fazer, que é necessário à saúde; com ociosidade que é o não fazer por não saber o que fazer, ou seja, ociosidade é um ócio improdutivo. Uma pausa degenerativa e inaproveitável... como assistir TV numa tarde ensolarada de domingo morando a poucos metros de centros de lazer. Estamos nos deseducando para o lazer e para o lado lúdico da vida. Olho e coração na saúde!Muita brincadeira nessa hora...