sábado, 31 de maio de 2008

Intervenção

Quanto mais parada a aula, mais chata. Pode ser uma teoria difícil mas se incitada pelo movimento torna-se interessante e inesquecível. As melhores coisas de nossas vidas aceleram nossos corações como uma rápida corrida que explode de repente sem a meta da chegada. E quando chegamos que alívio deliciosamente vital! Aprender pode ser assim, essa emoção vital integrada ao movimento. O movimento do corpo e da consciência são uma coisa só. Os padrões da postura e suas mudanças no tempo e no espaço mostram apaixonadamente que aprendizagem é movimento. Se não está havendo aprendizado, é a inércia. A aula chata é empre do professor chato e para ele com alunos chatos e deinteressados. Que chatice...
Hora de intervenção. Mova-se. Literalmente.
Se a tensão nos paralisa, o estresse nos enrijece os limites se encurtam, os problemas somatizam num sedentarismo de falta de opções. Ficamos sem ver e ver é o como percebemos. Parados assim vemos pouco ou nada. Movimento para expandir os horizontes! Sair do quadrado da carteira escolar e se arredondar numa caminhada , numa respiração mais profunda, numa risada, numa dinâmica com expressão corporal, numa expressão cultural corporificada.Ter prazer só custa ter a si mesmo. Um preço impagável por muitos posto que muitos prazeres oferecidos são um distanciamento do si mesmo. São prazeres que trazem a doença, a instabilidade das emoções, o vazio existencial quando passam a ser mais importantes que a própria pessoa. Esses prazeres viciantes e deseducadores entram pelas portas das escolas e se sentam nas carteiras escolares, na mesa do professor e impedem o aprendizado. O aprendizado que é a interação entre o objeto de estudo, o estudante, o mundo e o mediador ( professor). Estão num mundo onde não há esforço e o movimento é repetitivo e cansativo. Preferem descansar parados. Aprender pode ser prazeroso. Descanso em movimento. Em variar em vez de repetir a velha idéia do nada fazer. Esse descanso ativo é uma oportunidade de aprendizado pois é um convite às artes , à prática de esportes e de atividades físicas onde os conhecimentos multidisciplinares podem ser inter e transdisciplinados.
Os estudantes, principalmente os pequeninos são canais de energia ou tensão. Isso depende de seus ambientes e suas relações. Sentados são vistos iguais e com poucas chances de expressão. Conflituam muitas vezes para não perderem o senso de identidade que é a busca do ser pelo tornar-se. Suas bagunças, suas desatenções e agressões são tentativas de libertação dessa carteira, essa condição de imobilidade e exigência de inteligência. Aprender tem que ser interessante e incitado pelo movimento, pela saída do convencional seja ele o que for, aprendizado tem que ser mudança. Essa mudança tem o mediador que ensina sem ensinar nos termos de superioridade. Ele não ensina expondo o conhecimento na vitrine livresca. Ensinar não é levar o peixe, é compartilhar a pescaria. Ele intervém inspirando. Sendo admirado. Provocando. Hoje é essa a meditação : como intervir? Para quê? Para quem? Com quem? A motivação já tenho: tornar o aprendizado agradável, desafiante e visivelmente aproveitável. A vida escolar pode ser suada e suar é saudável. Estudar é um esforço salutar e não uma punição, perda de tempo, de espaço ou de movimento. É...estudar não é perda de movimento.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Educação: o corpo da autonomia!

O corpo da autonomia é o corpo interessado e crítico, reflexivo. Não é um corpo que se entrega sem questionar. Sem se valorizar, sem valoração jamais. Esse processo dinâmico que chamamos de Educação requer engajamento, compromisso com o ideal não de educar, mas de se educar e mostrar aos outros que só eles podem se educar. É dolorosa a percepção de que " depende de nós " é na verdade " depende de mim ". A aceitação da responsabilidade sobre si mesmo como agente é um grande passo. A partir dessas percepções preliminares nos tornamos capazes de compreender a mecânica das hierarquias sociais. Nós nos conhecemos e nos reconhecemos como sociedade. Aquele governo corrupto que criticamos sem envolvimento político é um reflexo de corrupções menores, particulares. Nossa crítica é parcial e hipócrita, ah se tivéssemos uma fatia daquele bolo! É difícil perceber o vínculo do ato educacional com o ato político. Fomos educados para não nos interessarmos muito em política. Lembro saudoso de matérias como OSPB e Moral e Cívica. Eram matérias forjadas para uma educação-de-cabresto. Mas para uma consciência opinante era um prato cheio. Debates, idéias, ideais nasciam com mais força. O descontentamento gerava revolta que gerava movimento. Hoje não, hoje gera apatia e depressão. O movimento é esquecido. As pessoas se retraem num individualismo cerceante de suas próprias liberdades. Não há o pensar nem o agir solidário. Educamos pela alienação, dando coisas que não o incentivo ao ato pensar por si mesmo. Ensinamos dependências. Principalmente porque pensamos que educamos mas não sabemos o que é Educação. O corpo dá autonomia. Ele é a matriz. E precisa se descobrir único. Respeitar-se por isso, e reconhecer isso em outros corpos com mesmo respeito. Aprendemos a ler, a raciocinar, a escrever com o corpo e seus órgãos dos sentidos interagindo com o mundo. É notável e de grande significado o elo entre inteligência e movimento. É notável a equação cujo resultado é autonomia. O corpo é o livro do auto-estudo. É a identidade transformada a partir de si mesma. Autoconscientes é que poderemos vislumbrar essa estranha a autonomia. Tão desconhecida pelas máscaras da limitação sócio-econômica e pela ignorância política. A autonomia precisa de um corpo. Encarno-lhe como Educação. Como anda a Educação anda a autonomia.