terça-feira, 24 de junho de 2008

O que mais se aprende

Hoje perguntei ao meu filho o que mais se aprende na escola. Ele sem titubear respondeu que era malícia. Não é por acaso que os políticos ignoram a escola. Ela é para eles, uma fábrica de concorrentes...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O sino e a sirene

Desde criança eu achava engraçado tocar o sino na escola. Depois o sinal evoluiu para a sirene.Olhando mais de perto é possível estabelecer uma relação entre o início, o intervalo e o fim das aulas. A troca de matérias e professores anunciada para toda a escola simples e eficazmente. Todavia é um susto ver que ninguém associa o som ao significado do som e como ele reverbera em nosso comportamento. Paradoxalmente a escola tenta disciplinar os pequeninos sem saber a diferença entre disciplina e controle. A bem da verdade a escola tenta controlá-los, sendo ela mesma símbolo de descontrole, carência, dependência. Não vou culpar ninguém. Vou a culpar a todos nós. O sino representa o dogmatismo, a punição. A sirene , vigilância, imposição de ordem. Ambas vozes do autoritarismo. Está na hora de substituí-los quem sabe...por música clássica, um rock, um pop ou algo que faça parte da realidade dos educandos e que não os lembre fuga de polícia, ambulância, bombeiro...tudo tão ligado a tragédias. Nem os lembre de igreja, pecado, culpa, punição. A escola precisa assumir o seu tempo. A escola não precisa jogar no subconsciente do educando com seus sinais que é um lugar de reclusão, de ordem, de controle. Nem precisa sê-lo. Não por acaso a maioria de nós encara o estudo como algo chato e se rebelar é ir contra o ensino, contra a escola, contra os professores. Nem sino, nem sirene para todo mundo. Inovação. Liberdade.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Exercitar o potencial

Hoje escrevo para estarmos próximos eu e a escola. Escrevo porque creio que todo potencial pode e deve ser exercitado. Escrevo para me educar. Vou por este jardim regar estas plantas que vejo nas sementes que joguei por terra. Potencial, potência... hoje estou por um filosofar aristotélico. Quero enxergar a árvore na semente. O potencial não é um devir, algo que está guardado esperando o momento o certo, as condições adequadas. Não é um ser imanifesto germinante no vazio do desconhecimento esperando o sopro da oportunidade ou a conjunção dos favorecimentos para um despertar. O potencial a potência não é uma possibilidade aberta ou fechada. O potencial é um caminho do ser ao ser. Está na busca. E como diz bem dito o ditado: " só buscamos o que já encontramos antes". Esse é o exercício: ser o que se é. Não virtualmente apenas com projeções, mas realisticamente vivendo o presente. Dando a cara para bater, como disse certa vez o prof. Wilson. Sem medo de ser o que é. Assumir-se como gente agente. Esse é o potencial, uma derivação da potência, do poder. Um prenúncio da potência. O poder pessoal é sem dúvida o reflexo desse potencial em exercício. Posso vislumbrar os encantadores desdobramentos: a semente que guarda e libera a árvore, a árvore que guarda e libera as flores, e depois os frutos, que dentro de suas polpas guardam e liberam novíssimas sementes. Hoje escrevo porque não posso estudar como eu gostaria. Mas estou exercitando meu potencial e mantendo a E. Física na minha vida.

O brilho das idéias

A falta de imaginação nos deixa no escuro. A falta de saídas para uma situação-problema nos deixa inertes. Quem não se lembraria da ilustração de uma lâmpada acesa como símbolo de uma nova idéia? Uma Lâmpada para iluminar o quê? A idéia é a saída! E na maioria das vezes ela vem subitamente como a luz de uma Lâmpada que é acesa. Mas para termos essa luz temos que percorrer um caminho preparatório. Esse preparatório serve para mostrar que as idéias não surgem do nada, assim como a luz elétrica não brota do nada. Para acender uma lâmpada, a história começa no uso dos recursos naturais. O que a natureza nos deu: a necessidade do movimento para viver. Esse é o rio cujo potencial represaremos com inteligência para acionar as turbinas que transformarão esse tipo de energia primordial na energia necessária à nossa empreitada. Depois de gerada ela precisa ser distribuída para os diversos segmentos onde cumprirá a função de comunicadora, de ativadora, conservadora e renovadora de outras energias. Energia gera energia e no meio dessa história está a lâmpada, que transformará essa energia em luz. Foi preciso muito conhecimento e trabalho para essa explosão luminosa! É crucial verificarmos esse caminho e o que temos feito com essa energia e essa luz. O que temos feito com nossas idéias? A maioria delas certamente morre sufocada por falta de espaço em nossos movimentos cotidianos. e quando são compartilhadas, muitas vezes encontram opositores que tentam inutilizá-las. A idéia em si é um relampejo de autenticidade. A mais absurda e reprimida geralmente tem muito de nossa identidade e de nossos ideais. Ideais? Sim idéias e ideais são gemelares. Nossas idéias são profundamente, uterinamente ligadas aos nossos ideais. Se estamos ruins de idéias, não estaremos bem de ideais. Nota-se que as gentes, nós, quando temos carência de uma, já nos falta a outra. Tantas profissões trabalham com criatividade, mas o mundo parece pobre de idéias. O mundo é o resultado da canalização das idéias para diversos fins, como os fios que a distribuem em diversos segmentos, sendo que o segmento mestre é o de dar idéias para que não se tenham idéias. Idéias bobas, mirabolantes, extravagantes, fora dos padrões de agradabilidade, idéias inteligentes, idéias são perigosas para organizações do poder, da hierarquia, e da política de subjugação. Cada vez mais as pessoas notam o esforço que precede uma boa idéia. Cada vez mais elas preferem ir para uma prateleira de idéias e colocá-las no seu carrinho se supermercado. Não é preciso pensar muito quando tudo está pronto, embalado, etiquetado, esperando pelo consumidor. Alguém teve a idéia, alguém terá. não seremos nós , será alguém...um novo produto, uma melhoria, uma nova geração disto, um novo design para aquilo, e tudo parecerá muito útil e necessário, naturalmente. É como uma aula de ginástica que se repete por muitos anos, até que surge o movimento das franquias, os novos métodos misturando práticas diferentes, combinando práticas antigamente isoladas, e tudo disfarçado como novidade. mas quem ousa ira além dos paradigmas e ter de fato a transpiração necessária para uma nova idéia? Quem acreditou tanto em si ( si: idéias+ideais)? Temos trabalhado para termos boas idéias?Temos cuidado de nossa energia primordial? E já temos o conhecimento para transformá-la e distribui-la? Precisamos de arejamento. Na transpiração precisamos de consciência de nossa inspiração e expiração. Quando nos falta o fôlego e há dor e exigência é que o aprendizado da conjugação de esforço e respiração sincronizados farão a diferença. então de olhos bem abertos, ou com eles fechados veremos o brilho espetacular. O insight. O brilho das idéias.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Entre a tradição e a experiência pessoal

As artes marciais, os esportes de luta e combate são um legado. Nos dias de hoje há nessas artes e esportes um conflito visível que vai moldando uma nova prática. Uma nova identidade? Talvez uma renovação, uma atualização. Esse conflito é : inovação X tradição. Os reformadores têm o mesmo princípio que motivou os " fundadores ": a sobrevivência. A pergunta é a mesma: lutar para quê? Se antigamente para se proteger, proteger a família e o país, hoje a sobrevivência depende pouco de fatores bélicos e de habilidades nas artes guerreiras. Então há uma quebra de paradigmas. Os reformadores se matem na filosofia, mudando o externo, a forma. Dando mais vazão à experiência pessoal do que seguindo uma tradição. Entretanto um estudo mais apurado dessa relação no seio das artes tradicionais mostra que o fim é nada menos do que um devir que culmina na expressão de si mesmo. Ou seja na experiência pessoal. A tradição é um livro a ser lido, estudado, consultado para as inovações necessárias e inevitáveis pela mudança dos tempos. O que ocorre é o esquentamento acirrado de uma disputa para ver quem tem razão. Os tradicionalistas dizem que as artes marciais estão deixando de ser combativas e se tornando um balé, ou focando apenas em autodefesa, ou se tornado esportes cheios de regras, desvalorizando o legado. Os reformadores dizem que depois das armas de fogo e novas exigências das relações humanas, não há espaço para combates reais, lutas onde o corpo é sacrificado esteticamente em função de armas que o degeneraram e são inúteis no mundo de hoje, relêem o legado. De fato algumas das novas abordagens nasceram de rompimentos na estrutura familiar dessas práticas. O bom aluno se emancipa e quer fazer valer seu ponto de vista. Surgiram assim uma infinidade de escolas sendo que isso não é novidade. Ocorria há muito tempo. A repetição é uma marca do homem na história. Ela mostra como somos cíclicos e como não aprendemos corrigindo os erros do passado. Há nos reformadores a presença desse discurso de não repetir o passado. A tradição representa uma fé cega. Eles pontuam que suas abordagens surgiram da experimentação e da reflexão dentro de suas práticas tradicionais. Um ótimo explo é a reportagem exibida de ontem 01/06/2008 pelo programa Fantástico. A repórter e sua equipe fizeram uma matéria alertando sobre a explosão do Muay Thay entre crianças, incentivadas pelos pais. Entretanto a mesma reportagem foi motivada pelo crescimento do número de praticantes dessa modalidade na Europa. Muay Thay é um método tailândes de arte marcial caracterizado pela dureza de sua prática. Isso é tido aqui no ocidente como violência. Para uma cultura onde somos auto-indulgentes com o corpo tudo pode machucá-lo. O fato é que essa reportagem bipolarizada focou no aspecto da violência, que é o que mais vende notícia hoje. Descartaram o processo da tradição e da experiência pessoal. Desprezaram a cultura onde essa luta foi desenvolvida, a época e sua evolução. No oriente assim como no ocidente essas práticas de luta têm um caráter educativo. Elas fazem parte da Cultura Corporal de Movimento. São ferramentas. E podem ser mal utilizadas. Entre reformadores e tradicionalistas há uma convergência no reconhecimento dessas lutas como importantes na formação integral do ser humano. Elas estão recheadas de valores que são exercitados fisicamente na relação entre aluno-professor-classe-sociedade. A evolução é natural e não pode ser impedida. E esse conflito merece um novo olhar. Como em todo conflito há o potencial de transformação e ela virá do melhor jeito. Merece uma " e " em vez de " ou ". Inovação e tradição.