segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Quem é quem?


A palavra marionete vem de marion, diminuitivo de marie, pequena figura de madeira ou papelão. O teatro de marionetes está presente em muitas culturas antigas de modo que não é possível precisar o seu começo enquanto atividade recreativa. No nordeste brasileiro ele se popularizou e se adaptou às comemorações regionais através dos artistas itinerantes, os mambembes recebendo nessa roupagem o nome de mamulengo.
Segundo a Wikipédia : "Boneco de fio" ou "marioneta" (em Portugal), "marionete" ou "fantoche" (no Brasil), origina-se do termo marionette [do francês]. Boneco (pessoa, animal ou objeto animado) movido por meio de cordéis manipulados por pessoa oculta atrás de uma tela, em um palco em miniatura. Constitui-se numa forma de entretenimento para adultos e crianças.
Esse modo de encenar a realidade e a fantasia empresta seus elementos constituintes para uma pequena reflexão aqui baseada numa das capas da obra de João Paulo Subirá Medina ( A Educação Física Cuida do Corpo e " Mente "):
Bonecos animados por alguém com uma intenção. A de contar através deles uma história.
Há a cenografia que é o espaço onde vivemos. Há os fios que nos prendem: nossas relações. Os bonecos: nós. A história: a que contamos. Cada um tem sua atuação garantida nesse teatro. O que ocorre é que o teatro é uma representação que se não recreativa é alienante. Nós temos uma educação que não nos ensinou a sermos platéia. Não temos o hábito da  observação, preferimos a ação. Submersos na ação ainda que irrefletidamente. Tomamos parte num teatro onde não somos sequer atores e sim figuras que emprestam suas existências aos verdadeiros atores. Não escrevemos nossa história embora contada através de nós é dada como posse. Somos por uns fios deterministas presos e manipulados pelos inventores da verdade. De um modo muito cuidadoso é nos dada uma certa identidade imutável (assim parece) por ser comum. A aceitação nos torna próximos sob o rótulo de comunidade, várias marionetes interagem reforçando a teia do controle psicossocial. Também a platéia , por ser tomada de uma consciência crítica não escapa dos efeitos dessa manipulação de bonecos. Ela é afetada para e por assistir. Assim como os atores interpretantes também são afetados para representar. Todos representam o tempo todo e seus seres fragmentados em mentes, corpos e disfunções são passatempos dos donos do poder. Esses não manipulam os bonecos e nem os assistem. Apenas colhem os efeitos de sua criação condicionadora. Estão nas crenças religiosas, sistemas políticos e ideologias, todos embutidos com o consumismo que tem dado o ilusório sentido da vida ao homem. Nesse  teatro as coisas só passam a fazer sentido quando decidimos por nós mesmos como escreveremos nossa história. E começamos perguntando: _Quem sou eu? Existe nós? Quem é quem?