segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Cuidar da vida

Pesquisas têm mostrado que o brasileiro não tem percepção do seu estado de saúde. É difícil mesmo para os profissionais da área de saúde promoverem mudanças de atitude. Sendo que estes estão no final da fila como exemplo. Cardíacos continuam fumando, alcólatras continuam bebendo, hipertensos abusam do sal; diabéticos, do açúcar. As pessoas subiram tão alto em suas profissões para ver a vida de um único ângulo: o da saciedade. Elas procuram algum tipo de satisfação. Uma satisfação que as preencha nem que seja por cinco minutos, por uma refeição, por um momento de atenção e companhia. Há um isolamento se fazendo presente no ser humano, um isolamento dele mesmo. O ser humano tem se aceitado cada vez menos. Tem se afastado das coisas simples e naturais em nome dos modismos. Tem adoecido por que está sob controle da mídia. Tem sofrido em seu íntimo porque não construiu o hábito de se relacionar consigo. Não sabe quais são seus valores, ou em quem se inspirar. Em suma, a humanidade está pondo o planeta a perder porque não sabe cuidar da vida, as pessoas não sabem se cuidar. Acham que se cuidar é o que foi ensinado: cuidar de ter alguma coisa ou de alguma coisa que tem. Ninguém cuida de quem é. Está muito próximo o ter do ser. Chego a pensar que um se fantasia do outro. Ter fantasiado de ser e ser fantasiado de ter. Estamos confusos, não somos olhados se não chamarmos a atenção. As pessoas já não cuidam de suas vidas. Cuidar da vida para a maioria é viver egoisticamente. Fechadas em relações onde não há trocas, educadas para uma profissão, vivem num estilo de vida ditado por suas supostas escolhas. Precisam dizer uns aos outros o tempo todo quem são, o que fazem, o quanto ganham, o que têm... e assim com sua sociabilização fundamentada na hipocrisia o ser humano tem rido de infelicidade e vivido de transtorno a transtorno. Ora preso, ora perdido vai se destruindo e destruindo tudo que o rodeia. Ele tem desaprendido a relação entre vida, amor, respeito e cuidado.