segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Formação de um professor

Títulos , prêmios e certificados atestam a formação de um profissional mais que sua própria formação. Ainda que ele não se interesse pelo que está fazendo ou o saiba, um diploma lhe dá o direito de ganhar dinheiro com sua profissão. Profissional é o que tem a profissão mais do que o que sabe exercê-la. Há muita incompetência diplomada. Há muita gente desumana fingindo que salva vidas, que educa, que faz. Mas o que fazem é podar a vontade e a chance ou é ocupar lugares de gente que realmente quer fazer. O médico finge que medica, o professor finge que ensina, o povo finge que é feliz governado por um governo que finge governar. É gente formada. É gente que tem acesso a cultura que pode democratizá-la. É gente educada que tem o como disseminar a semente de uma educação acessível e boa. O professor não pode ser formado. Ele tem que se formar. Caso contrário ele irá deformar enquanto ele mesmo deformação. Mais do que a graduação é o ter o que e como e a quem ensinar que faz nascer o professor. Quem tem a ensinar é professor por natureza. Quem ensina o que estudou ou adquiriu exteriormente, ganhando apenas dinheiro para tal, vivendo insatisfeito pelo caminho escolhido será que professa alguma coisa? Será que o aluno o vê como expressão de algum conhecimento ou sabedoria? Como temos professores deseducados. Como temos professores que não aprenderam e não aprendem. Como temos professores que não ensinam. Há muita gente escondida atrás de títulos e currículos.Verdadeiros títulos de capitalização. Ganham, são convidados para eventos e trabalhos importantes apenas por fingirem algum engajamento, por mentirem para sociedade que estão preocupados e ocupados com causas sociais. E o próprio governo ignorante da situação compra de inúmeros profissionais os serviços que chegarão muito pouco para muitos. Isto é visível principalmente nas universidades federais parceiras dos governos sempre. É delas a maioria dos projetos financiados com o dinheiro público que enriquece as contas gordinhas dos seus raros professores que não ganham pouco. Até a corrupção elitista permeia os “formadores”. O fato é que um professor de instituição federal geralmente e estranhamente apesar de concursado foi formado por ela. Quase um plano de carreira: você entra aluno e sai “mestre” sem pagar nada, o povo paga . É o atestado da boa educação, uma auto-afirmação para instituição que ela é mesmo a melhor chocadeira de formadores. Então estes estudantes famosos por sua intensa carga de estudos e festas orgíacas se fecham num “clube do imperador” tida como escola tradicional, com história e valores caros à sociedade e passam a ser admirados por essa sociedade a qual exploram. Por isso mesmo essas renomadas instituições do saber formando pencas e pencas de profissionais falta tudo para o povo. Onde estão? Cadê o retorno? A sociedade é vítima dela mesma. Os professores menos valorizados são o da educação básica. Já os professores universitários em geral foram bem o suficiente para investirem na própria formação para ganhar mais é claro....uma vez lá em cima, eles olham aqui para baixo com um certo desdém. Querem selecionar os “merecedores” da boa educação, quando a realidade sócio-econômica se mostra incapaz de ser uma boa peneira e deixa passar uns pobres. Há um discurso ainda de que mais universidades públicas, mais chance para o povo. Os professores formados e alunos formados não são da mesma safra de educadores dos professores que se formam e os alunos que se formam. Uma safra carece de humanidade, pra gente, mas não é de gente. São modos de manutenção do poder, da divisão, da heteronomia. Os governos vendem a ilusão de que serviço público é serviço para o povo, isto se vê na nossa qualidade de vida e na consciência que temos dessa qualidade de vida. Formar um professor é fazer com que ele não se forme. Dar a ele doutrina, mostrando-a como frutificante para um futuro promissor. Sabemos da desvalorização do professor como viés para a má educação como forma de domínio. A educação politiza o homem, eis o perigo para os mandantes. A politização tem sido na história do nosso país vista como uma ameaça ao poder instalado e suas classes tradicionais que se revezam de tempos em tempos em seus mandantes “eleitos”. Um perigo formar libertários. Um perigo a autonomia. Melhor é ter os burricos no cabresto e com as cangalhas cheias. Assim desinformados e tendo que trabalhar muito para sobrevivência como pensariam na educação como transformadora social? Melhor ainda: o governo dá a educação básica de péssima qualidade, investindo pouco e discursando que o país é de todos e que todos estão tendo oportunidades. Eta cabrestinho bom! A formação dos professores é péssima por que não foi permitido pensar em autoformação. Todos os sistemas de ensino são sistemas prisionais porque viciam os que haveriam de ser livres pensadores em dependências. Eles se vêem dependentes do estado, de reitorias, de métodos, de empregos, de consumos e sonhos de melhoria da própria vida. Deixam –se usar como instrumento político de alienação mais que educadores. Não refletem e não contestam, são empregados ameaçados e amordaçados pelo medo de represálias. Mesmo os estudantes hoje, parecem ter menos sangue nas veias. Não vão para as ruas gritar contra tanta corrupção. Não derrubam seus políticos por fraqueza, por falta de união e de voz perante a sociedade e como sociedade. Foram formados assim até onde estão. A maioria dos estudantes não reconhece suas utilidades enquanto estudantes. Somos estudantes formados sem criticidade.
Se há dificuldade em interpretar um texto imagine a realidade...que cidadão está se formando ou sendo formado? Como diria meu pai: "Cipó torce enquanto é verde".
Hoje este é o Koan: Ser formado é se formar?